quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Matéria ABNT - Ciência e Conhecimento Cientifico


Ciência e Conhecimento Científico
Na nossa vida quotidiana necessitamos de um conjunto muito vasto de conhecimentos, relacionados com a forma como a realidade em que vivemos funciona, temos que saber como tratar as pessoas com as quais nos relacionamos, temos que saber como nos devemos comportar em cada uma das circunstâncias em que nos situamos no nosso dia-a-dia. Estamos também rodeados de sistemas de transporte, de informação, de aparelhos muito diversos, com os quais temos que saber lidar. Estes conhecimentos, no seu conjunto, formam um tipo de saber a que se chama senso comum. O conhecimento científico transformou-se numa prática constante, procurando afastar crenças supersticiosas e ignorância, através de métodos rigorosos, para produzir um conhecimento sistemático, preciso e objetivo que garanta prever acontecimento e agir de forma mais segura. Sendo assim, o que diferencia o senso comum do conhecimento científico é o rigor. Enquanto o senso comum é acrítico, fragmentado, preso a preconceitos e a tradições conservadoras, a ciência preocupa-se com as pesquisas sistemáticas que produzam teorias que revelem a verdade sobre a realidade, uma vez que a ciência produz o conhecimento a partir da razão. Por isso surge à importância do conhecimento cientifico.
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Curso:(Turma 2) Normas ABNT-UTFPR e Estruturação de um Trabalho Científico
Livro:Ciência e Conhecimento Científico
Impresso por:Silmara Yurksaityte Mendez
Data:terça, 29 janeiro 2013, 15:00

1 CIÊNCIA E CONHECIMENTO CIENTÍFICO
Na nossa vida quotidiana necessitamos de um conjunto muito vasto de conhecimentos, relacionados com a forma como a realidade em que vivemos funciona, temos que saber como tratar as pessoas com as quais nos relacionamos, temos que saber como nos devemos comportar em cada uma das circunstâncias em que nos situamos no nosso dia-a-dia. Estamos também rodeados de sistemas de transporte, de informação, de aparelhos muito diversos, com os quais temos que saber lidar. Estes conhecimentos, no seu conjunto, formam um tipo de saber a que se chama senso comum.
O conhecimento científico transformou-se numa prática constante, procurando afastar crenças supersticiosas e ignorância, através de métodos rigorosos, para produzir um conhecimento sistemático, preciso e objetivo que garanta prever acontecimento e agir de forma mais segura.
Sendo assim, o que diferencia o senso comum do conhecimento científico é o rigor. Enquanto o senso comum é acrítico, fragmentado, preso a preconceitos e a tradições conservadoras, a ciência preocupa-se com as pesquisas sistemáticas que produzam teorias que revelam a verdade sobre a realidade, uma vez que a ciência produz o conhecimento a partir da razão. Por isso surge a importância do conhecimento cientifico.


1.1 CIÊNCIA
A ciência é uma forma particular de conhecer o mundo. É o saber produzido através do raciocínio lógico associado à experimentação prática. Caracteriza-se por um conjunto de modelos de observação, identificação, descrição, investigação experimental e explanação teórica de fenômenos.
Diversos autores tentaram definir o que se entende por ciência, uma das definições foi dada por Trujillo (1974, p.8) “a ciência é todo um conjunto de atitudes e atividades racionais, dirigidas ao sistemático conhecimento com objeto limitado, capaz de ser submetido à verificação”.
Segundo Lakatos e Marconi (2010, p.62) as ciências possuem objetivo ou finalidade, função e objeto.
Objetivo ou finalidade: Tem a preocupação em distinguir a característica comum ou as leis gerais que regem determinados eventos.
Função: Aperfeiçoamento, através do crescente acervo de conhecimentos, da relação do homem com o seu mundo.
objeto está subdividido em material e formal. Material, aquilo que se pretende estudar, analisar, interpretar ou verificar, de modo geral. Formal, o enfoque especial, em face das diversas ciências que possuem o mesmo objeto material (LAKATOS; MARCONI, 2010, p.63).
Para Ferreira (1999) ciência é o:
“conjunto de conhecimentos socialmente adquiridos ou produzidos, historicamente acumulados, dotados de universalidade e objetividade que permitem sua transmissão, e estruturados com métodos, teorias e linguagens próprias, que visam compreender e, possibilitar, orientar a natureza e as atividades humanas”.


1.2 O CONHECIMENTO CIENTÍFICO
Os Gregos, na Antiguidade, buscavam através do uso da razão, a superação do mito ou do saber comum. O avanço na produção do conhecimento, conseguido por esses pensadores, foi estabelecer vínculo entre ciência e pensamento sistematizado (filosofia, sociologia...), que perdurou até o início da Idade Moderna. A partir daí, as relações dos homens tornaram-se mais complexas bem como toda a forma de produzir a sua sobrevivência. Gradativamente, houve um avanço técnico e científico, como a utilização da pólvora, a invenção da imprensa, a Física de Newton, a Astronomia de Galileu, etc.
Foi no início do século XVII, quando o mundo europeu passava por profundas transformações, que o homem se tornou o centro da natureza (antropocentrismo). Acompanhando o movimento histórico, ele mudou toda a estrutura do pensamento e rompeu com as concepções de Aristóteles, ainda vigentes e defendidas pela Igreja, segundo as quais tudo era hierarquizado e imóvel, desde as instituições e até mesmo o planeta Terra. O homem passou, então, a ver a natureza como objeto de sua ação e de seu conhecimento, podendo nela interferir. Portanto, podia formular hipóteses e experimentá-las para verificar a sua veracidade, superando assim as explicações metafísicas e teológicas que até então predominavam. O mundo imóvel foi substituído por um universo aberto e infinito, ligado a uma unidade de leis. Era o nascimento da ciência enquanto um objeto específico de investigação, com um método próprio para o controle da produção do conhecimento. Assim sendo, ciência e filosofia se separam.
Portanto, podemos afirmar que o conhecimento científico é uma conquista recente da humanidade, pois tem apenas trezentos anos. Ele transformou-se numa prática constante, procurando afastar crenças supersticiosas e ignorância, através de métodos rigorosos, para produzir um conhecimento sistemático, preciso e objetivo que garanta prever acontecimento e agir de forma mais segura.
Sendo assim, o que diferencia o senso comum do conhecimento científico é o rigor. Enquanto o senso comum é acrítico, fragmentado, preso a preconceitos e a tradições conservadoras, a ciência preocupa-se com as pesquisas sistemáticas que produzam teorias que revelem a verdade sobre a realidade, uma vez que a ciência produz o conhecimento a partir da razão.
Desta forma, o cientista, para realizar uma pesquisa e torná-la científica, deve seguir determinados passos. Em primeiro lugar, o pesquisador deve estar motivado a resolver uma determinada situação-problema que, normalmente, é seguida, por algumas hipóteses. Usando sua criatividade, o pesquisador deve observar os fatos, coletar dados e então testar suas hipóteses, que poderão se transformar em leis e, posteriormente, ser incorporadas às teorias que possam explicar e prever os fenômenos.


1.3 PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DO CONHECIMENTO CIENTÍFICO
Dentre as características do conhecimento científico, destacamos três características descritas por Unamuno (1996), sendo elas:
Primeira: O conhecimento cientifico baseia-se na evidência verificável. Isto significa que os seus resultados e conclusões podem ser sempre verificados ou confirmados por outras pessoas. Todas as conclusões devem permanecer abertas, pois no futuro podem aparecer justificações mais razoáveis. Alem disso a ciência nunca é detentora de verdades absolutas.
Segunda: A ciência é eticamente neutra, mas o cientista, por ser um indivíduo, não o é, cada um de nos tem um sistema de valores que influencia a sua vida em sociedade. Desta forma, quando se produz energia nuclear, em paz é para produzir eletricidade, mas em guerra pode ser para produzir mísseis.
Terceira: O conhecimento científico tem por base técnicas específicas para recolher dados, que garantem: exatidão (dados que correspondem aos fatos, é a precisão (dados que refletem bem a medida, o grau desses fatos observados), assim, a investigação científica baseia-se numa recolha sistemática dos dados, que devem logo ser registrados, e tudo deve ser feito com objetividade, não devendo ser influenciados por preferências, crenças, desejos e valores.
"Todo conhecimento tem uma finalidade. Saber por saber, por mais que se diga em contrário, não passa de um contra-senso" (UNAMUNO, 1996).


1.4 SENSO COMUM
Senso comum (ou conhecimento espontâneo, ou conhecimento vulgar) é a primeira compreensão do mundo resultante da herança fecunda de um grupo social e das experiências atuais que continuam sendo efetuadas. Pelo senso comum, fazemos julgamentos, estabelecemos projetos de vida, adquirimos convicções e confiança para agir. É baseado em fontes de conhecimento entre as quais o bom-senso, a tradição, a intuição é a autoridade de um conhecimento específico.
Quando alguém reclama de dores no fígado, esta pessoa pode fazer um chá de boldo que já era usada pelos avós de nossos avós, sem no entanto conhecer o princípio ativo (substância química responsável pela cura) das folhas e seu efeito nas doenças hepáticas.
O senso comum e a ciência são expressões da mesma necessidade básica, a necessidade de compreender o mundo, a fim de viver melhor e sobreviver. Para aqueles que teriam a tendência de achar que o senso comum é inferior à ciência, lembrando que por dezenas de milhares de anos, os homens sobreviveram sem coisa alguma que se assemelhasse à nossa ciência. Depois de cerca de quatro séculos, desde que surgiu com seus fundadores, curiosamente a ciência está apresentando sérias ameaças à nossa sobrevivência. (ALVEZ, 2003, p. 21).
No senso comum não há análise, o senso comum é o que as pessoas usam no seu quotidiano, o que é natural, o que elas pensam que é verdade.

1.5 PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DO SENSO COMUM
A seguir estão descritas as principais características do senso comum:
Caráter empírico – o senso comum é um saber que deriva diretamente da experiência quotidiana, não necessitando, por isso de uma elaboração racional dos dados recolhidos através dessa experiência.
Caráter acrítico – não necessitando de uma elaboração racional, o senso comum não procede a uma crítica dos seus elementos, é um conhecimento passivo, em que o indivíduo não se interroga sobre os dados da experiência, nem se preocupa com a possibilidade de existirem erros no seu conhecimento da realidade.
Caráter assistemático – o senso comum não é estruturado racionalmente, tanto ao nível da sua aquisição, como ao nível da sua construção, não existe um plano ou um projeto racional que lhe dê coerência.
Caráter ametódico – o senso comum não tem método, ou seja, é um saber que não segue nenhum conjunto de regras formais. Os indivíduos adquirem-no sem esforço e sem estudo. O senso comum é um saber que nasce da sedimentação casual da experiência captada ao nível da experiência quotidiana (por isso se diz que o senso comum é sincrético).
Caráter aparente ou ilusório – Como não há a preocupação de procurar erros, o senso comum é um conhecimento que se contenta com as aparências, formando por isso, uma representação ilusória, deturpada e falsa, da realidade.
Caráter coletivo – O senso comum é um saber partilhado pelos membros de uma comunidade, permitindo que os indivíduos possam cooperar nas tarefas essenciais à vida social.
Caráter subjetivo – O senso comum é subjetivo, porque não é objetivo: cada indivíduo vê o mundo à sua maneira, formando as suas opiniões, sem a preocupação de testá-las ou de fundamentá-las num exame isento e crítico da realidade.
Caráter superficial – O senso comum não aprofunda o seu conhecimento da realidade, fica-se pela superfície, não procurando descobrir as causas dos acontecimentos, ou seja, a sua razão de ser que, por sua vez, permitiria explicá-los racionalmente.
Caráter particular – o senso comum não é um saber universal, uma vez que se fica pela aquisição de informações muito incompletas sobre a realidade (por isso também se diz que ele é fragmentário), não podendo, assim, fazer generalizações fundamentadas.
Caráter prático e utilitário – O senso comum nasce da prática quotidiana e está totalmente orientado para o desempenho das tarefas da vida quotidiana, por isso as informações que o compõem são o mais simples e diretas possível.

1.6 O SENSO COMUM E A CIÊNCIA
A ideia de que todo cientista é uma pessoa de inteligência incontestável é amplamente divulgada pela mídia e essa divulgação não é gratuita. Com essa imagem de "ser superior" o cientista torna-se um formador de opinião, induzindo o pensamento das camadas populares e vendendo produtos nos comerciais de televisão. Só que a realidade passa longe disso.
Um indivíduo é considerado cientista quando se especializa em um determinado assunto e essa especialização parte de um conhecimento prévio do indivíduo. Em outras palavras, todo indivíduo dotado de um conhecimento prévio comum a todos pode buscar uma especialização. Mas o que é esse conhecimento prévio? É o que se costuma chamar de senso comum.
Pode-se dizer que senso comum são os conhecimentos adquiridos ao longo da vida que independem de um treinamento científico. Em contrapartida, não existe treinamento científico sem base no senso comum. Este é o aperfeiçoamento daquele. É como o origami. Aprender a fazer dobraduras é especializar-se no ato de dobrar um papel, mas dobrar papel todo mundo sabe. A especialização consiste nas formas e sequências que devem ser dobrados os papéis.
Diz-se que a ciência, ao contrário do senso comum, não acredita em magia. Como explicar então o fato de um médico (cientista), por exemplo, ter uma determinada crença ou religião? Não deveriam ser todos os médicos ateus? A crença de um médico religioso está enraizada no seu senso comum. Este senso não o abandona durante o treinamento científico porque o treino surge a partir do senso comum e não contra ele.
O senso comum e a ciência partem do mesmo princípio: a necessidade do homem de compreender o mundo e a si mesmo. O ser humano, por milhares de anos, viveu numa sociedade em que não havia ciência e mesmo assim deu continuidade ao processo de evolução. É preciso compreender que sendo a ciência um refinamento do senso comum, devemos então respeitá-lo e não desprezá-lo, já que esse serve de ponto de partida para aquela.
Para desenvolver o pensamento científico é preciso saber solucionar problemas. Enxergar além dele, ter em vista um objetivo bem definido a ser alcançado. Também é preciso ter imaginação para levantar hipóteses porque quem mantém os dois pés sempre no chão não sai do lugar.
Em geral, as pessoas percebem que existe uma diferença entre o conhecimento do homem do povo, às vezes até cheio de experiências, mas que não estudou, e o conhecimento daquele que estudou determinado assunto. E a diferença é que o conhecimento do homem do povo foi adquirido espontaneamente, sem muita preocupação com método, com crítica ou com sistematização. Ao passo que o conhecimento daquele que estudou algo foi obtido com esforço, usando-se um método, uma crítica mais pensada e uma organização mais elaborada dos conhecimentos. (LARA, 1983, p 56).


1.7 CONHECIMENTO FILOSÓFICO E TEOLÓGICO
O Conhecimento filosófico é fruto do raciocínio e da reflexão humana. É o conhecimento especulativo sobre fenômenos, gerando conceitos subjetivos. Busca dar sentido aos fenômenos gerais do universo, ultrapassando os limites formais da ciência.
Segundo Lakatos e Marconi (2010, p. 61) “o conhecimento filosófico é caracterizado pelo esforço da razão pura para questionar os problemas humanos e poder discernir entre o certo e o errado, unicamente recorrendo às luzes da própria razão humana”.
 O conhecimento filosófico apresenta as seguintes características: é valorativo; racional; sistemático; não verificável; infalível e exato.
Valorativo: Pois seu ponto de partida consiste em hipóteses, que não poderão ser submetidas a observação: as hipóteses filosóficas baseiam-se na experiência e não da experimentação.
Não verificável: Pois os enunciados das hipóteses filosóficas não podem ser confirmados e nem refutados.
Racional: Por consistir num conjunto de enunciados logicamente correlacionados.
Sistematíco: Pois suas hipóteses e enunciados visam a uma representação coerente da realidade estudada, numa tentativa de apreendê-la em sua totalidade.
Infalível e Exato: Posto que, quer na busca da realidade capaz de abranger todas as outras, quer na definição do instrumento capaz de apreender a realidade, seus postulados, assim como suas hipóteses, não são submetidas ao decisivo da observação (experimentação).
O conhecimento teológico ou religioso é revelado pela fé divina ou crença religiosa. Não pode, por sua origem, ser confirmado ou negado. Depende da formação moral e das crenças de cada indivíduo. Exemplificando: é acreditar que alguém foi curado por um milagre; ou acreditar em Duende; acreditar em reencarnação; acreditar em espírito etc.
 Para Lakatos e Marconi (2010, p.61):
O conhecimento religioso, isto é, teológico, apoia-se em doutrinas que contêm proposições sagradas (valorativas), por terem sido reveladas pelo sobrenatural (inspiracional) e, por esse motivo, tais verdades são consideradas infalíveis e indiscutíveis (exatas). É um conhecimento sistemático do mundo (origem, significado, finalidade e destino) como obra de um criador divino; suas evidências não são verificadas: está sempre implícita uma atitude de fé perante um conhecimento revelado. Assim, o conhecimento religioso ou teológico parte do princípio de que as “verdades” tratadas são infalíveis e indiscutíveis, por consistirem em “revelações” da divindade (sobrenatural).


1.8 REFERÊNCIAS
ALVEZ, R. Filosofia da ciência. São Paulo: Loyola, 2003.
FERREIRA, A.B. de H. Dicionário Aurélio eletrônico século XXI. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999. 1CD-Room.
LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. de A. Fundamentos de Metodologia científica. 7.ed. São Paulo: Atlas, 2010.
LARA, Marilda Lopes Gínez de. Algumas contribuições da semiologia e da semiótica para a análise das linguagens documentárias. Brasília, Ciência da Informação, v. 22, n. 3, p. 223-226, set/dez. 1993.
TRUJILLO FERRARI, Alfonso. Metodologia da ciência. 2. ed. Rio de Janeiro: Kennedy, 1974. 250 p.
UNAMUNO, M. Do sentimento trágico da vida. Trad. Eduardo Brandão. São Paulo: Ed. Martins Fontes: 1996.

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